No último dia 25 de janeiro aconteceu em São Paulo, no Carioca Club, o Dark Dimensions Fest, primeiro festival da já conhecida produtora de eventos.
Para esse festival, a produção reuniu um line up de peso com grandes nomes do metal nacional: The Damnnation. Throw Me To The Wolves, Eskrota, os australianos do Elm Street, Torture Squad e Nervosa. O que se viu foi uma grande festa com um bom público desde cedo para conferir as primeiras bandas até chegar em sua lotação quase máxima na parte final.
Tudo começou por volta das 2 e 30 da tarde com as meninas da The Damnnation, trio de thrash metal de São Paulo que já está há alguns anos na estrada e tem em seu currículo uma bela tour ao lado do Claustrofobia nos Estados Unidos e apresentações pela América Latina.
Com uma qualidade de som excelente, a banda abriu a apresentação com a ótima Parasite, do EP auto intitulado. O som começa de forma atmosférica, sombria e cresce em seu decorrer.
Ótima escolha para abrir o set list, até por ser uma música conhecida e adorada por quem acompanha a banda. Na sequência mandaram Worlds Curse do mesmo EP e que traz uma pegada mais stoner. Importante mencionar que um bom público chegou cedo para acompanhar o show da The Damnnation.
Grief of Death do disco Way of Perdition também foi executada: ótimos riffs, andamento brutal. Thrashão lindíssimo e que a banda executou muito bem. Aliás, é impossível não destacar a formação atual com Renata Petrelli, Fernanda Lessa e Leonora Molka. Entrosadissimas!!
Renata conduz a banda e o público com maestria. Fernanda é uma baixista que toca com os dedos de forma agressiva e precisa demais. Leonora toca com garra e paixão descendo os braços em todas as peças como se a música em execução fosse a última do show. Que astral incrível o trio trouxe para abrir o fest!!!
This Pain Wont Last foi a próxima. Inicio melodico, com uma intro de arrepiar. Fernanda Lessa teve uma performance incrível nesse som.
Renata Petrelli sempre carismárica, conversou bastante com o público entre uma música e outra, passando sua mensagem e Leonora caprichou nas viradas. Decisão acertada de quem chegou cedo!
Renata Petrelli agradeceu todos presentes e mencionou a importância da sua família presente no show. Leonora também falou bastante o que foi uma novidade interessante. Ela também assumiu os backing que antes eram feitos pela Aline Dutchi.
Way of Perdition agradou a todos e em Unholy Soldiers Fernanda Lessa brilhou demais mostrando muita precisão e técnica na introdução.
No final, Renata brincou mencionando que essa era a balada delas. Slaves of Society em homenagem a todos os trabalhadores também ficou incrível ao vivo. Pesada e uma das mais rápidas da banda. Leonora acelerou como uma máquina nos bumbos.
Encerraram muito bem com Apocalypse, um dos melhores refrãos da The Damnnation.
Fotos - Anderson Hildebrando
Depois de uma breve pausa, o Throw Me To The Wolves subiu ao palco para trazer seu melodic death metal técnico, agressivo e com belos arranjos.
A banda tem como líder o guitarrista Gui Calegari já conhecido pelo seu trabalho com o Venomous. Abriram com a excelente Chaos.
A banda tem dois guitarristas muito técnicos que apostam em belos duetos. Destaque também para o vocalista Diogo Nunes que mostrou muito técnica, agressividade e carisma durante todo o show.
A banda tem claras influências do death sueco: In Flames e Soilwork principalmente. Outra já conhecida pelo público e que também foi executada: Tartarus, uma porrada com performance incrível do baterista Maicon Avelino.
Logo depois Diogo anunciou Taste of Retribution que fará parte do primeiro álbum deles. Riffão groovado e som muito pesado. Agradou bastante. Aliás um dos desafios do Throw Me To The Wolves era agradar tocando músicas que ainda não foram lançadas. Eles conseguiram! Todos se mostraram muito satisfeitos com o show da banda.
Gates of Oblivion trouxe uma levada um pouco mais tradicional e thrash. Além de muito competente e virtuoso, Gui Calegari não parou de agitar nem 1 minuto. Esse som ainda trouxe um belo dueto de guitarras. Melódico e com pegada!!!
Depois foi a vez de Fragments cair como uma bomba no Carioca Club com direito a rodinhas. A banda mostrou muita energia e o público acompanhou. An hour of Wolves e Gaia, com uma pegada thrash, encerraram o showzaço dos caras.
Fotos Metal Pulse
Era a vez da Eskrota, banda mais diferente do lineup. Um hardcore direto, com letras feministas e politizadas. Abriram com Grita.
O trio formado por Ya Amaral, Tammy Leopoldo e John França mostraram muita garra e sangue nos olhos. Logo depois veio Playbosta, som já clássico da banda, com uma letra ácida e critica. Aliás talvez essa seja a principal característica da Eskrota.
Cena Tóxica do álbum mais recente, Atenciosamente Eskrota, foi muito bem ao vivo. O refrão fácil de cantar fez todos acompanharem a banda. Também conhecida por letras inspiradas no mundo do horror mandaram Não Entre em Pânico com o personagem do filme agitando no palco e indo pra pista "organizar" o moshpit.
Homem é Assim Mesmo, outra do Atenciosamente Eskrota fez sucesso entre o público que provavelmente não se identificou com a letra como pediu Ya Amaral. Ainda bem!
Mosh Feminista e Eticamente Questionavel mantiveram o show engajado.
O som da banda tem momentos thrash, mas no geral é algo muito mais direto. Instagramável fez as rodinhas aparecerem novamente.
A essa altura a casa já recebia um excelente público. A melhor da Eskrota: Filha do Satanás foi o ápice da apresentação. Baita som!!!! Massacre e Mulheres encerraram o show.
A banda deu seu recado feminista e anti fascista com sucesso.
Fotos Anderson Hildebrando
O Elm Street era a banda mais desconhecida do Line up. Os australianos estão na ativa desse 2011 e lançaram em 2023 o ótimo The Great Tribulation.
Abriram com A State Of Fear desse mesmo álbum. A banda faz um heavy pesado, intenso e com vocais agressivos. Boa canção de abertura. O público recebeu muito bem.
Na sequência mandaram Face the Reaper e Heart Racer, com excelentes riffs, solos precisos e melódicos. O público se manteve interessado e, apesar de nem todos saberem o repertório, curtiram bastante o show dos caras.
Músicas como The Last Judgement e Behind The Eyes Of Evil chamaram muito a atenção. Pesadas, com excelentes melodias e belos refrãos. Mesmo pouco conhecidos por aqui, fizeram o possível para manter a temperatura lá no alto.
Ganharam o público de vez com uma cover muito bem executada de Running Free do Iron Maiden. Ótima escolha!
Barbed Wire Metal, Heavy Metal Power e Metal is the Way do Barbed Wire Metal de 2011 encerraram o show. O Elm Street mostrou ser uma banda carismática e muito competente. Com certeza receberão mais carinho e atenção de quem esteve no Carioca a partir de agora.
Fotos Anderson Hildebrando
O Torture Squad era uma das atrações mais aguardadas. O Carioca ferveu quando a banda subiu ao palco com a intro de Hell Is Coming. Mayara Puertas mostrou em poucos segundos porque é uma das grandes vocalistas da atualidade. Brutalidade e uma performance de palco impecáveis.
Castor e Amilcar, duas lendas do metal brasileiro, estavam inspiradíssimos e mandaram muito, agitando e tocando demais durante todo o show.
Com o público já em êxtase mandaram Flukeman, outra do excelente Devilish, disco mais recente da banda que entrou facilmente no top 5 dos fãs.
Com uma performance devastadora seguiram o setlist com Buried Alive. Eles deram preferência para músicas novas para abrir o show. O público recebeu muito bem mostrando que o material novo do Torture é muito relevante e que a banda segue criativa.
Impossível não mencionar o guitarrista Rene Simionato, muito técnico, preciso, virtuoso e que agita o tempo inteiro.
Era hora de voltar um pouco no tempo. Mandaram a clássica Abduction Was the Case do maravilhoso The Unholly Spell. A banda se mostrou afiadissima o tempo inteiro.
O que falar de Raise Your Horns??? Provavelmente o som está no top 3 de todo fã da banda. Incrivel ao vivo!
Murder of a God do Asylum of Shadows não ficou de fora e as rodas agradeceram. Galera foi pro mosh!!!
Uma das melhores música do disco Devilish veio logo a seguir: Warrior. Um heavy com uma pegada bem Accept e que contou com a participação da vocalista Leather Leone que foi ovacionada. Cantou muito e tornou o show ainda mais especial.
Pull The Trigger também foi executada com perfeição. Mayara agitava o público o tempo inteiro. Incrivel!
Encerraram o show com mais 2 clássicos: Horror and Torture e The Unholy Spell.
Fotos Anderson Hildebrando
A noite estava quase completa. Todos esperavam a Nervosa para encerrar a festa e elas chegaram com os 2 pés na porta mandando Seed of death do disco mais recente JailBreak.
O Carioca veio abaixo com todos acompanhando Prika Amaral e suas parceiras. A banda mostrou muita energia no palco não deixando a temperatura cair em nenhum momento do show.
Behind the Wall, outra do mesmo disco, veio logo depois com rodas se abrindo e todos cantando demais. Helena Kotina corre por todo o palco e mostra muita virtuose em todos os solos. A Nervosa elevou seu patamar artístico com duas guitarras. Decisão acertada!!
Era hora de uma clássica: Death, do álbum de estreia Victim of Yourself. Que refrão!!! Impossivel não cantar junto com Prika Amaral.
Voltando um pouco para o momento atual da Nervosa Nail The Coffin, faixa que encerra o disco Jailbreak, não foi deixada de lado e agradou demais.
Prika fez questão de esclarecer a ausência da baixista Helpyre. Ela é mãe, tem uma bebê de 2 anos, por isso nem sempre pode estar com a banda. Prika mencionou que jamais será a pessoa que falará não para uma mulher que engravida. Foi substituída muito bem pela holandesa Emmelie Herwegh. Kill the Silence veio logo a seguir!!!
Gabriela Abud brilhou demais durante todo o show, mas com a intro da maravilhosa Perpetual Chaos, fez o Carioca quase desabar. Melhor som da Nervosa com uma vibe Sepultura.
Outra do mesmo disco foi Venomous. Galera foi pro mosh!!! A primeira surpresa da noite foi Alex Camargo do Krisiun que mandou Ungrateful junto com a banda. A voz do cara é um abuso! Muito pesada!
Um dos primeiros hits veio logo depois: Masked Betrayer, segundo a própria Prika Amaral foi o som que alavancou a banda e possibilitou o contrato com a Napalm Records. Clássica! Que performance incrível de Gabriela Abud.
Aliás toda a banda se mostrou inspiradíssima! A maravilhosa Hostages do disco Agony também entrou no setlist. A Nervosa passou por todos seus discos no repertório. É muito interessante ver como nas composições antigas a banda trazia uma abordagem mais death metal, provavelmente influência da Fernanda Lira que depois formou a Crypta.
Kill or Die ficou incrível ao vivo. Um dos melhores riffs da banda. Cultura do estupro veio a seguir com participação de Mayara Puertas e Ya Amaral da Eskrota. Into the Moshpit foi o convite pra galera abrir a roda mais uma vez.
Jailbreak fez todos sentirem orgulho da cultura headbanger. Prika Amaral fez questão de mencionar que a música é uma homenagem a todos nós.
Endless Ambition encerrou a festa com seus riffs monstruosos. A banda toda agradeceu demais e ainda ficaram no palco conversando e tirando fotos com fãs. Um dos momentos mais bonitos e humanos que presenciei cobrindo shows.
Fotos Caike Scheffer
Parabéns a Dark Dimensions pelo evento. O Dark Dimensions Fest mostrou que é possível promover o metal brasileiro e que existe interesse do público em estar presente nesses shows.
Bandas novas, emergentes, veteranas. Toda estavam juntas e deram seu máximo em uma tarde épica e inesquecível. Viva o metal brasileiro!!!!